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Machado De Assis

Memórias Póstumas de Brás Cubas

'Memórias póstumas de Brás Cubas”, publicado em 1881, é uma das principais obras do escritor Machado de Assis. A publicação desse romance é considerada o marco inicial do Realismo no Brasil,  e seu autor, por consequência, é reconhecido como o pai de tal movimento em terras brasileiras.'O contexto histórico que dialoga com o romance Memórias póstumas de Brás Cubas é o de um Brasil construindo sua urbanidade, principalmente na cidade do Rio de Janeiro, capital nacional no período. De modo geral, a obra de Machado de Assis retrata os tipos e cenas comuns dessa sociedade carioca. A libertação dos escravos, em 1888, e seus efeitos na vida urbana, assim como a reestruturação política brasileira a partir da Proclamação da República, em 1889, são alguns dos fatos históricos que permeiam o livro machadiano. Veja, a seguir, um trecho do romance em que o narrador retrata sua relação com os escravos na infância:Desde os cinco anos merecera eu a alcunha de “menino diabo”; e verdadeiramente não era outra coisa; fui dos mais malignos do meu tempo, arguto, indiscreto, traquinas e voluntarioso. Por exemplo, um dia quebrei a cabeça de uma escrava, porque me negara uma colher do doce de coco que estava fazendo, e, não contente com o malefício, deitei um punhado de cinza ao tacho, e, não satisfeito da travessura, fui dizer à minha mãe que a escrava é que estragara o doce “por pirraça”; e eu tinha apenas seis anos. Prudêncio, um moleque de casa, era o meu cavalo de todos os dias; punha as mãos no chão, recebia um cordel nos queixos, à guisa de freio, eu trepava-lhe ao dorso, com uma varinha na mão, fustigava-o, dava mil voltas a um e outro lado, e ele obedecia, — algumas vezes gemendo, — mas obedecia sem dizer palavra, ou, quando muito, um — “ai, nhonhô!” — ao que eu retorquia: — “Cala a boca, besta!”Memórias póstumas de Brás Cubas,Machado de Assis'O romance Memórias póstumas de Brás Cubas é uma obra complexa, e os diversos detalhes presentes no seu enredo só podem ser apreendidos a partir da leitura, na íntegra, do livro de Machado de Assis. Não obstante, a seguir descrevemos alguns dos pontos fundamentais para a compreensão da narrativa.'Narrador: defunto autorO romance machadiano é narrado em primeira pessoa, possuindo, portanto, um narrador em primeira pessoa e, nessa estruturação, há duas questões fundamentais:Primeiramente, essa escolha afasta a obra das narrativas realistas europeias — ali se usava o narrador onisciente para transferir à obra maior grau de objetividade;Em segundo lugar, para além do uso de um personagem narrando sua vida a partir de uma visão particular — e subjetiva, portanto –, Brás Cubas, antes de começar a contar sua história, morre. Nesse sentido, a personagem intitula-se não um autor defunto, mas sim um defunto autor — haja vista que a morte ocorre antes da escrita de suas memórias póstumas.InfânciaA infância de Brás Cubas é contada brevemente nos primeiros capítulos do romance. Ali, percebemos a representação de uma infância não idealizada e, em muitos casos, até cruel — conforme se pode ver na descrição da relação entre o narrador e um escravo, transcrita anteriormente.Feito dessa forma, o retrato dos anos de criança afasta o romance de Machado de Assis do Romantismo, movimento em que a mocidade é vista como ideal e motivo de saudade. AmoresO amor é outro elemento que afasta o romance Memórias póstumas de Brás Cubas da estética romântica  — movimento que foi sucedido pelo Realismo.Para os românticos, tais quais José de Alencar  e Álvares de Azevedo, o sentimento amoroso era representado como maior meta da vida e, em muitos casos, inatingível. Além disso, a figura da amada era idealizada e única.No romance de Machado de Assis, entretanto, não há idealização do amor ou da mulher. De fato, Brás Cubas tem uma grande paixão na vida, a personagem Virgília. Entretanto, ela nem é única e tampouco completamente correspondida e eterna. Outros amores do protagonista são Marcela, Eugênia e Nhã-Loló.      Emplasto Brás CubasJá no final da vida, Brás Cubas assume para si a responsabilidade de criar um medicamento capaz de curar todas as doenças do mundo. Tal projeto, obviamente, não dá certo e torna-se mais uma das frustrações do narrador. Leia, a seguir, o momento em que o narrador conta da ideia do remédio, intitulado “Emplasto Brás Cubas”.O capítulo das negativasO último capítulo do romance tornou-se célebre por resumir a ironia e o pessimismo típicos da escrita de Machado de Assis. Nele, Brás Cubas faz uma espécie da ponderação acerca da própria vida, que, segundo ele, pode ser resumida como uma sucessão de negativas. Não obstante, um saldo positivo acaba restando para o narrador.'PersonagensO romance Memórias póstumas de Brás Cubas é longo — conta-se toda a vida e morte do protagonista. Por isso, não é curta a lista de personagens presentes na obra. Não obstante, alguns deles são de fundamental importância e vale a lembrança:Brás Cubas, protagonista da história
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Bibliomundi
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